Irritantemente

Alguém irritantemente calmo 
Poucas coisas me tiram do sério 
Só aquilo que eu gosto demais 
O que para ninguém é mistério 

 Evito a surpresa e aviso de antemão 
Que tenho um gosto de velho, ancião 
Que sou teimoso na minha convicção 
E da personalidade não abro mão  

Crédulo no poder das pessoas 
E cético no todo poderoso 
Não pelo Ferreira Gullar 
Nem pelo Caetano Veloso 

Dizem que em mim é forte a ironia 
Irônico é dela não dispor a poesia 
A qual me atrevo a fazer livremente 
Para qual não tenho talento inerente

Dias dos Namorados

Seguir-te para além das datas 
E dos presentes não dados 
Por caminhos, do mundo, isolados 
Leva o supérfluo ao desmantelo 
Leva à alegria por teu amor sê-lo 
Já que não posso embalar o presente 
Incabível em caixas e em versos 
Apenas agradeço à graça do universo 
À amada por motivos diversos

Teu ódio, meu Amor

Fruto da raiva da saudade tua 
Oposto ao Amor como sol à lua 
E luar não há se sol não houver 
Amar-me só irá se ódio tiver 

O sentimento contrário só vem 
Se contrariada fores, meu bem 
E teu sangue subindo à cabeça 
E a lágrima antes que adormeça 

São fortes e eu não ouso duvidar 
Da importância nem do teu amar 
Desmedido ao sentir taquicardia 
E em pensar que o real é fantasia