Vela

Qual o preço do que queremos?
Se já possuímos, custa menos
Do que o ardido arrependimento
Acumulado em gestos pequenos.

Se é impossível, pode levar tempo
E para quem a espera é tormento
Talvez o destino por divertimento
Sugira um atalho ao menos atento.

O que escolher em tal momento?
Labutar tendo a fé como alento
Ou cortar o caminho por dentro
Seguindo a ambição do avarento

Ajustando a vela do sentimento 
Cada um vai tomar o seu vento
Porém a direção que intento 
É a de ter paz quando sonolento.





Descartável

Meu coração escreveu belas estórias
Quando composto por fino grafite
Não buscava ganhar ou estar quite
Compunha livremente sua trajetória

Submetido a pressão das escolhas 
Moldou-se com outra configuração
Já não serve como lápis à paixão 
Rasga dos seus poemas as folhas 

Hoje não ilustra a mente do amante
Nem tampouco suas caras memórias 
Com altas cotações, mas provisórias
Tornou-se um descartável diamante