Fim de ano

Às vezes eu fico me perguntando se só acontece comigo
isso: de revirar os planos quando chega o fim do ano.
Como num golpe de estado, a mudar as regras prossigo
cauteloso, pois se mal planejo eu mesmo me engano.

É mais fácil legislar quando não se é o executivo
E no meu caso, devo dizer: ainda sou o judiciário.
Não estou reclamando de tanto trabalho!
Essa é a sorte de quem se mantém vivo.

Porém quando durante dias se obedece a terceiros
Menos inclinado fica alguém a ser tirano consigo
Aí está o ciclo vindo do instinto de auto preservação
Que me faz abrir uma gelada e largar o estudo de mão.

Leis

Eis a primeira lei: os homens sempre voltam.
Ao ouví-la muitas pessoas ficam indignadas
Alegando ser um absurdo tal afirmação
Porém o tempo prova que estão erradas.

Pois na ciência dos relacionamentos
O orgulho masculino é bastante inerte
Fica parado mas pode mover montanhas
e quebrar cadeados com seus sentimentos

A segunda: as mulheres quase sempre perdoam.
Então se dirá: em se tratando de leis não há 'quases'
Mas nem legislador ou físico se atreveria a incluir
sua interlocutora num balaio que generalize as fases.

Que fases? As que levam a decisões insensatas
Nas quais, só não vê o óbvio aquele que, arrastado
como o mar pela maré, crê poder chegar a nado
ao astro que eclipsa o sonho e se ilumina da fé.

Mas nem tudo está perdido, pois a terceira ensina:
Não há tratado que verse sobre balanças emocionais.
Resultante diferente de zero e cada um com sua sina.