eu via

No meu sonho, eu faço uma poesia
que depois de pronta não é minha
Porque se perde para o mundo
seu novo dono
Mas não, não a abandono
Nem mesmo por um segundo
Porque ainda que esteja na linha
Haverá sempre em mim sua melodia
que não saía
de imediato, demorava e retinha
os versos para extrair o mais profundo
e a demora cruzava noites; como o outono
que no entorno
desfolha as árvores, eu respirava fundo
para só dizer o que do coração vinha
No meu sonho, sem os óculos eu via
a poesia

elíptica (aos professores)

O bom professor não precisa gerar
desejo de se ter amizade no aluno
Basta lhe dar o que nenhum gatuno
armado de ignorância poderá roubar

O que há de mais belo em sua missão
é o poder de subverter preferências
com o pincel que pinta o futuro à mão

E quando a admiração existir calada,
elíptica no brilho do olhar de aprendiz
correto será este verso que apenas diz:
o mundo sem o amor ao saber é nada