Poliglota

Não temos a função de “desver”
Aquilo que nos afigura escarne
Bem assim que se decepcionou
y cortó el amor en la carne.

Lastimamos muito ao perceber
Lanhada a imagem da mulher
Apesar do que se entregou
Coupe l'amour dans la chair.

O que quer a mente reter
Salta à visão e nos mexe
Talvez nunca se apaixonou
And I cut love in the flesh.

Sonho

No meio da madrugada reaparece,
Para me paralisar em contemplação,
A memória que passa despercebida
Mas no subconsciente tem sua ação.

Se busco centrar no que me apetece,
Envaidecido por desfrutar em profusão,
Arrefece o desejo por quem comovida
Deixo para seguir minha maldição.

Acordo e a saudade desaparece
Mas fica a estranha sensação
De que esse meu estilo de vida
É  um prêmio de consolação.

Dúvida

Saltar de um lado ao outro da existência
Atrai olhares inquietos à procura de ajuda
Preocupados em alcançar lógica regular
Assustam-se com o que à vista transmuda

Ter para si um modelo fixo de aparência
Oferta a quem lhe julga a paz de buda
Esquece-se da complexidade que há:
Bonito contraste que à razão desiluda.

Equilibrar os opostos pode ser a muda
Refinadamente plantada e bem cuidada
Mormente para que tais desejo acuda

Usar de educação para vê-la desnuda
Deixa no ar do perfume uma dúvida
Afim, teimoso, visto sapato e bermuda