Metrô

A blusa dela mandava beijos ao redor,
Embora não houvesse beijado ninguém
Que notara em seu dorso as cem bocas,
O furtivo convite do ferroviário corredor.

Ia evitar seu olhar, mas encarou sereno
Por três segundos eternos foi levitado
Até que sobre suas alpercatas medievais
Ergueu-se para procurar outro terreno.

Sua mochila era um trançado de cores
Vivas saídas do peçonhento silvestre,
Cuja genética artesanal fez singular
Mas invisivel tornou-se nos corredores.