Quase na metade

Hoje é dia treze de junho, terça-feira
Semana e ano estão quase na metade
Das divisões do tempo, para que a vida
Em doses homeopáticas nos dê idade.

Para quem está a viver no automático
O semestre apressou seu passo sutil
Rápido como o ponteiro dos segundos
Impressiona aquele que não lhe viu.

O Réveillon nem a sexta estão próximos
Há tão pouca ansiedade quanto euforia
Diversos planos já ficaram para trás
E os novos aguardarão mais três dias
.
As crianças confundem junho com julho
E quando adultas notam que tanto faz
Não fosse o comercio que nos alerta
O dia dos namorados seria um a mais.


Acha-se modo de contar o passar do ano
Através daquilo em que se está imerso
Uns em mulheres, outros em dinheiro
E eu vou contando através de versos.

Karaokês

Karaokês são populares, porém polêmicos
Tal a mulher feia que já ficou com tantos
Que lhe adoraram, mas não se declaram
Ao lazer que dos cínicos revela o cênico.

Propiciam o início de amizades improváveis
Pois há ali espaço para que a gente se goste
Gostando de música, gostemos mais da gente
E sejamos até com estranhos tão amáveis.

Os cadernos padronizadamente sujos
Da cerveja que entranha a plastificação
São cerne do dilema da próxima música
Um labirinto de páginas sem subterfúgios.

Quando em bares, há figuras estabelecidas
Cuja origem é sempre bastante misteriosa
Ainda assim não se pergunta de onde vieram
Pois ao cantar embalam tal toque de Midas.

Não é a perfeita harmonia que verte em ouro
o ambiente. Antes, tornam a memória valiosa
cantadas afinadas ou gritadas as canções
que de bons sentimentos são nascedouro.