Com a licença de Dumont

Perguntei a um sábio que horas eram
Ele não soube me responder de imediato
Disse-me: " Com a licença de Dumont,
Relógio de pulso já me parece insensato."

"Demiti esse que faz todos de empregado

Para que o tempo me sirva, não o contrário."
Eu já ia procurar quem soubesse o horário
Pois para essa sabedoria estava atrasado.

Vi uma bela moça com o relógio no braço

Mas passou tão depressa que não pude
perguntar-lhe nem mesmo seu nome
Tampouco diminuir meu embaraço.

Debaixo daquele mormaço, ainda ouvi:

"Esqueça a hora e vá no seu tempo."
Emburrado à voz não estive atento
Lamento, pois demorei mas aprendi

Irreconhecível

 Estou em ininterrupto autoirreconhecimento Uma saudade de mim mesmo De um eu que parecia ser maneiro demais Tinha mais leveza no falar e no...