Vizinhando

O momento mais romântico do shopping:
Emergem àquele andar todo tipo de gente,
Sobre os degraus que sobem e descem,
Flutuando no lombo do limbo transparente.

É viciante observar a movimentação:
A escada cospe pessoas de par em par
Muito difícil saber onde as deglutiu
E impossível, onde querem chegar.

Nas pernas em que se balançam
Mulheres são as mais impacientes
Pensam em suas listas de tarefas
Nas duras jornadas pós expediente.

Uns trazem sacolas, outros mochilas,
De certo mais leves que os pensamentos
Surgidos quando só é possível pensar
Pois a ação ali aguardará um momento.

O fim precípuo de um shopping center:
Comprar; ou melhor, vender, é bem inviavel
E até andar é difícil diante de tanta gente
Resta aos casais beijar, o gesto inevitável.

Vizinhando a saída desse formigueiro humano,
Um bar cujo nome é o gerúndio de vizinhar
Nele, ponho-me a tentar adivinhar o que passa
Nas mentes dos que ascendem a este patamar.

Irreconhecível

 Estou em ininterrupto autoirreconhecimento Uma saudade de mim mesmo De um eu que parecia ser maneiro demais Tinha mais leveza no falar e no...