Ao arauto

Quero um poema de agradecimento
Poder cantar alto os versos
Ser arauto como um camelô
Desfrutar de cada sílaba 
Fazer amor com as proparoxítonas,
Tão coerentemente acentuadas,
Quero perder o fôlego 
Ver pirâmides nas páginas 
Orgulhar o pastor que me guarda
Das minhas alucinações 
Os pensamentos mais oblíquos 
Quisera interditar a linguagem, mas
Quem sou eu?
Fui aluno, ser sem luz 
Iluminaram-me
Minaram em mim a ilusão 
Implodidas as certezas
Restaram ideias tortas
Obrigado, Motta
Seja, meu irmão.